domingo, 12 de outubro de 2008

esqueço que estou doente
a nossa física, frágil e injusta
numa incompreensibilidade desatenta
a alquimia incompleta da existência
essa forma vã e lenta que contém a incompletude
na macieza dos dias
nas rotinas doces, sadias
no incorrer da alegria sobre o teu cabelo
no sabor ténue do medo
esse ladrão de loucura
que nos gela na postura
e nos refreia o desejo
não sei escrever o teu nome
não tenho letras para ti
que tanto me roubas beijos
como me afastas
Esqueço que estou doente
Doente de não te ter
Nunca mais poder roubar
O teu sorriso no meu
Esquecer a pele, o desejo
Esquecer as voltas da mente
Em que meu cérebro te sente
E meu coração te pensa
Sem descobrir que o amor
é uma espécie de ofensa
que oferecemos a nós próprios
num procurar de abraço
luta enlutada sem passo
sem teu amor me desfaço
desaprendendo a saudade
de já não ser quem eu era
de não voar na paixão
essa eterna quimera
que nos ilude no nada
de tudo ter, tudo rir
tudo sentir e voar
provar de tudo, sonhar
ser tudo em ti sem pensar
sentir só até parar
nesse segundo em prazer
jurar nunca te perder
no espasmo mútuo do ter.

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