terça-feira, 21 de agosto de 2012

os olhos ardem como fogueiras de verão



                                                       Imagem daqui

os olhos ardem como fogueiras de verão.
os zumbidos de abelhas nos cantos dos ouvidos são aviões sem aeroporto
são margens sem rio.
a febre é transparente  como cristais de chumbo
grávidos de peso e claridade.

onde começa a dança das palavras, onde termina  o sonho?
se há génese de um lado do outro é o infinito
será sempre o infinito.

há estrelas por todo o lado. as estrelas são o caminho das febres
são as temperaturas elevadas do corpo, são a fusão do espírito
a sublimação da alma. 

onde termina o teu  sonho?
nunca
para  que seja um lugar de surpresa
para que te atinja e levite 
leve como o ar e o éter
na face mais lisa dos sentidos –

há um clamor de mar no eco das montanhas
há um clamor de rio no eco das encostas
há um clamor líquido nos remos das barcos
e no bico dos pássaros. 

onde termina o teu sonho?
nunca
 as estrelas e as abelhas são raízes de zumbidos
são visitas nas portas doces das flores.

onde termina o nosso sonho?
nunca
e o mel da alma é o motivo –


josé ferreira 21 Agosto 2012