quarta-feira, 24 de agosto de 2011
as palavras de ira
Henri Matisse
a intensidade do mercúrio é muito do que sinto
e quando me magoas com palavras de silvas
fecho os ouvidos, e mantenho os lábios abertos
no consentimento de que, palavras de ira leva-as o vento -
habituei-me ao pensamento na face de cima das asas.
a terra é um pó escuro, demasiado, desequilibra
cega, torna-nos pouco. fecho os ouvidos, não ouço -
afecto é o que sinto, e os braços crescem
e apertam muito -
no domingo fui ao horto da avenida
e perdi-me - e é curioso que as plantas não falam
mas ensinam, inclinam as folhas e abrem as pétalas;
o seu modo de dizer que existem.
e lembro-me bem das hortênsias
que conforme o predominante ácido
perdem o tom rosa e adquirem o azul
mas a culpa é da seiva, indevida ou invadida
conforme a cor que se queira -
a culpa é sempre estranha, de um excesso de sol
ou porque a lua literalmente branca e um pouco fria -
das palavras que magoam, não escutei nenhuma,fecho os ouvidos,
nem uma tem a força da cicuta, bomba de obus ou mina;
no amor como na guerra só a verdade interessa e brilha -
afecto é o que sinto, e os braços crescem
e apertam muito -
José Ferreira 24 Agosto 2011
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