sábado, 4 de agosto de 2012
La Cathédrale Engloutie - um poema publicado há três anos no mesmo dia
Depois daquela poesia a seguir ao almoço
no hábito que não é o nosso
desceu o sono, o farto sentir do cansaço
o abrir de uma rosácea que pedia descanso.
Dessa forma se fecharam os olhos
na calma branca de uma parede incompleta;
lugar onde caiu faz três anos o quadro colorido
de um prego inseguro e superficial.
Seguiu-se o ruído de mundos leves
entrando e saindo, uma brisa breve de ritmos
escutando o sentir interior mais íntimo
afastando as sombras de um teatro antigo.
Os véus opacos desvendaram segredos
apenas a pássaros pequenos
que debicavam migalhas sobre a mesa -
Nas almofadas os dois rostos estavam serenos
sem o indício inseguro, no indício da faísca
que de lua em sol subia os lábios felizes
(felinos eram os corpos em corpos que não miam
no jeito encolhido de um beiral de Agosto).
De olhos fechados os dois dormiam, dormiam, dormiam -
No primeiro acordar foi tão nítido o sonho:
uma catedral engolida de ondas
ao som de um piano no breve instante.
Sobrou suspenso, não deglutido um vitral
filtrando cores de um sensível arco-íris
nos dois rostos calmos como os fenos
- quando não há mais ventos - e o mesmo som
dentro de uma longa e larga jarra, em cima da mesa
vestida de fios finos de estrelícias
de aromas de narcisos
nascidos nas puras águas de uma ilha
onde habitavam os poemas
e à volta, num grande mar
as almas de todos os rios -
josé ferreira 4 de agosto de 2009
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