domingo, 11 de março de 2012
Painted Love
na tessitura líquida de um fogo prometido
ardem-me os olhos no dia monumental-
ao longe dentro dos meus quartos vazios
um vestido oscila a nudez explícita ;
uma tontura do sol –
segredos apertam a alma
dedos desenham alças que se soltam
linhas imprecisas, difusas formas
insinuando-se na duplicidade dos sentidos –
o real, o irreal, a dinâmica dos espaços vazios
mesmo que multidões atravessem as ruas
que apitem milhares de carros
um sonho para além da vida
para além das cores, dos óleos que se misturam nos quadros –
braços oblíquos, pés rodeados de limos
uma luz estonteante, íntima, fluida
desvanecendo, subindo escadas, inatingível
como uma estrela do Norte acendendo o escuro
cintilando a noite no veludo que a cobre –
se fosse numa praia vazia onde as areias são também milhares
as espumas parariam junto dos teus pés
abrindo as portas do mar.
ao longe a tua pele poderia brilhar e deslizar
entrando com suavidade no infindável horizonte;
as gotas cobrindo o corpo, unindo-o em sons de água –
um arco incompleto em ogiva. as mãos estendidas
na descontinuidade simples
talvez de um uníssono impossível
talvez possível
no interior das palavras, no interior de um quadro
numa porta que se abre –
josé ferreira 11 Março 2012
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