Fui sozinha
Ao decalcar o céu, reconheci-me
estrela de ósseas pontas, despojada de luz
O meu corpo recusava a força
de ser fósforo, caía sem lume na vegetação
e só roçava o chão das eiras, sabendo-o fruste
Caminhei pela manhã, a cada dia
entumecendo a paz em redor do túmulo
(trazia-o junto ao peito, o pequeno
ossário de um pássaro no granito)
Ao passar pelos acampamentos invejava
às tendas a prontidão para a elipse,
sem violência resumia os movimentos
do corpo
Dormi em albergues e estábulos
onde um cavalo ou uma peregrina muito velha
tinham morrido
Aprendi a descansar no perecível feno,
junto ao íntimo esterco dos outros
Não sustive a respiração
Andreia C. Faria