segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Poesia contemporânea

Resolvi publicar este poema do Nuno Júdice recordando a noite de lançamento do disco maravilhoso da Clara Ghimel "Entre Mares", totalmente dedicado à poesia portuguesa musicada num embalo Bossa Nova que a todos recomendo.
Espero que gostem!






Natureza Morta sem Paradoxo

Se tivesse um copo para encher,
dá-lo-ia ao verso que se estende pela sede de o beber.

Se tivesse uma faca para abrir a romã,
trocá-la-ia pela serpente que preferiu a maçã.

Se tivesse um vaso oonde plantar flores,
enchê-lo-ia com a terra que o céu vestiu com as suas cores.

Assim, poderia beber-se o poema
pelo copo do verso,

cortar a fruta
com a lâmina da serpente

e pisar o céu
à luz da terra.


Nuno Júdice 2008