quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Praia - um poema de Sophia


Leonardo da Vinci, 1474


As ondas desenrolam os seus braços
E brancas tombam de bruços.

Sophia do Mello Breyner Andresen In No Tempo Dividido

agora




quieta a mesa, quieto braço e sobram imagens.
há silêncio por todo o lado.
antes o lado mais obscuro, a costura grossa,
pedras duras nos vidros, boomerangs tortos,
o ranger assustador de tábuas, o castelo,
os mochos escondidos, os morcegos, os corvos,
o nunca mais dos mortos -

o excesso de silêncio mata
agora que li de novo as tuas palavras -

José Ferreira 23 Novembro 2011