segunda-feira, 9 de novembro de 2009

H.D. (Os imagistas)


Retirado do site Assirio & Alvim

H.D.

Hilda Doolittle nasceu a 10 de Setembro de 1886, em Bethelehem, na Pensilvânia, onde o seu pai era astrónomo e director do observatório da Universidade.
Hilda é conhecida como a melhor dos poetas imagistas, mas os seus feitos literários ultrapassam em muito os seus primeiros poemas, que se podem associar a esta corrente literária. A sua poesia, ficção e outros escritos foram publicados em ambos os lados do Atlântico, tendo recebido a medalha de Ouro da “American Academy of Arts and Letters”, “Brandeis University Creative Award” e o “Longview Foundation Award”.
Os seus contactos literários incluíam Marianne Moore, William Carlos Williams, May Sinclair, Richard Aldington, Bryher, D.H. Lawrence, T.S. Eliot, Gertrude Stein, entre muitos outros. Foi Ezra Pound, com quem Hilda Doolittle manteve amizade desde a infância, que sugeriu que a escritora assinasse com as iniciais, passando a ser conhecida como H.D.. Morreu no ano de 1961, em Zurique.


Priapus: Keeper-of-Orchards

I SAW the first pear
as it fell--
the honey-seeking, golden-banded,
the yellow swarm
was not more fleet than I,
(spare us from loveliness)
and I fell prostrate
crying:
you have flayed us
with your blossoms,
spare us the beauty
of fruit-trees.

The honey-seeking
paused not,
the air thundered their song,
and I alone was prostrate.

O rough hewn
god of the orchard,
I bring you an offering--
do you, alone unbeautiful,
son of the god,
spare us from loveliness:
The fallen hazel-nuts,
Stripped late of their green sheaths,
The grapes, red-purple,
Their berries
Dripping with wine,
Pomegranates already broken,
And shrunken fig,
And quinces untouched,
I bring thee as offering.



PRÍAPO
Guardador-de-Pomares

Vi a primeira pêra
A cair.
O enxame amarelo, listrado de ouro,
Em busca de mel,
Não foi mais veloz do que eu
(Livra-nos da beleza!)
E caí prostrada,
Chorando.
Tu, que nos flagelaste com as flores,
Livra-nos da beleza
Das árvores de fruto!

As que buscavam o mel
Não pararam.
O ar ressoava com o seu canto
E só eu me prostrava.

Ó deus do pomar,
Talhado em tosco,
Venho trazer-te uma oferenda;
Tu, o que não é belo
(Filho do deus),
Livra-nos da beleza!

As avelãs caídas,
Despidas há pouco do invólucro verde,
Os cachos vermelho-púrpura
De bagos
Gotejando vinho,
Romãs já fendidas,
E figos mirrados,
E marmelos intactos,
Eis a minha oferenda.

Tradução de João Ferreira Duarte "Leituras, poemas do Inglês" , Relógio de Água 1993