Este foi o poema que ilustrei ontem para o encontro baseado nas impressões que ficaram de um filme "Caramel" e das contrariedades de um mundo preso na insistência das diferenças esquecendo a origem comum - o átomo. Árabes ou judeus, negros ou brancos, amarelos mulatos todos neste "Nosso Mundo" somos feitos de mistura, um cozinhado original que tem o condão de nos tornar únicos entre iguais - seres humanos.
Não há culpa que resista quando a poesia nos invade, uma névoa calma que nos transporta no sonho real dentro, fora, de mãos dadas na sensibilidade própria
de ser poeta - um voo de Peter Pan.
Continuemos a tomar conta dos momentos que nos tocam e a transformá-los em danças de palavras, em melodias. Ontem fomos alguns que puderam estar, da próxima seremos mais, mas principalmente não esqueçamos os conselhos da nossa prezada Ana Luísa - publiquem-se!
Segue-se só o poema porque ainda não sei publicar as imagens:
Nosso Mundo - O limbo invertido
O país original separa o véu
olhares largos de azeviche
esconde limites na auréola
de um tecido interdito
apelo hirto de leito de rio
no anteparo alto da barragem
soltando soluços de água
- energia sufocada.
O meio caminho de Darwin
o preconceito do sagrado, proibido
do estado hipnótico ao óbvio
sentido "emociobiológico" celular
divisão múltipla orgânica
do minúsculo átomo- igual origem.
Admito complexo este mundo, este ser
onde a fala determina o resultado;
o gato, o cão, a águia, o abutre.
A flor, o bago, o puro malte, a seara
outro falar: a cor, o sabor, a semente.
A árvore a presença, o mocho quietude
o galo o acordar, a serpente o ciciar
-todos espécie e símbolo.
Nesta sequência aprecio o brinco
azul safira, cobalto, claro, marinho
e desta forma sigo a rota do leme
das águas claras de superfícies
aos profundos de sombra
o viajar ao contrário no pecado original
- ritmo sonar seguro.
Atrevo a definição
o nosso mundo:
"um limbo invertido"
judeu, árabe, europeu
amarelo, negro, filisteu
grego, romano, plebeu
- o jogo ocaso que é luz
no DNA da incógnita
contagem infinita de areias
- o novo ser que nasceu.