sábado, 2 de junho de 2012

Poema

A poesia está guardada nas palavras - é tudo que
eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as
insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.


Manoel de Barros

Aqui vai o "exercício" com um sorriso para a inspiradora Ana Janeiro

AZeite

Ah!
Bentas, pois!
Cegueira total.
Dê para onde der,
É.
Fogeee! Foi por um passo.
Gueto, o cansaço dado,
Há que animar.
Ida, e que travessia!
Jesssusss!

Ler a mente, só o que é preciso,
Maluquice é o que há mais, e
Não falta muito, deleite.
O verde suave não afoga.
Pelas cores do céu que trocaram,
Que ficou sempre fim de tarde,
Restam.
Sem esperar nada,
Também não há fim ou princípio.
Uaaau! É bonito ver como se move o azeite!

Voz vai dizendo, música,
Xilofones; os tolos, esses,
Zombam. Amor não traz dor, isso é outra coisa.

Aí azeite
fui rua fora, até que entrei casa dentro. o zig zag na TV, não pensei se tropecei,
Azelha eu!
corro para os tachos fazer  arco-íris, e foguetes, a grande festa. não há nada como o azeite, verde garrafa, e desculpa, esvaziei ontem a última garrafa de outra coisa, e é forte o azeite, aquilo é condimento, alimenta, e nada faz falta aqui.



acordei com os braços em cima dos teus seios
olhando a encosta, junto do carro vermelho.
foi aí uma hora e pouco nos mexemos;
as mãos em silêncio, as asas sem medo -

o planar dos melros por cima dos pinheiros
era um  lago parado na cor dos espelhos,

 e por vezes os lábios
como borboletas –

josé ferreira 2 junho 2012