caíram muitas folhas e o chão crepita nos nossos passos
uma fogueira acesa sem chamas de lareira
enquanto
uma coluna de fumo e as chamas dentro, internamente
no interior da cabana onde Lou e Rilke uniram os dedos
onde ela lhe alisava os cabelos e ele escrevia versos
intensos, versos intensos
versos sobreviventes e cartas que prosseguiram
para além de muitos anos –
o vento da minha cidade atravessou a Europa
desceu a serra e vem juntos das faces.
como um rio de ar cheio de ruídos
poliniza as letras em palavras
alimenta-se de folhas em
branco –
como um vício, o bom vício dos afectos
que estende as mãos na pele das magnólias e as admira
brancas
brancas
muito brancas e oscilantes
em pétalas de pálpebras
janelas que se abrem
um espelho de almas –
josé ferreira 2 de dezembro de 2012