domingo, 11 de julho de 2010

A síndrome





A quem apresentar queixa
porque a vida nos agrediu?
Como deixar nas desleixadas mãos
das autoridades incompetentes
um depoimento possível,
e a conivência histórica de um sorriso,
e um pequeno charco trágico no chão
desenhado pelas glândulas da incerteza
interpretado pela parafernália do príncipe,
dirigido pela má índole
e pós-produzido pela má-fé?

Como hesitar demasiado
sem correr o risco de deixar
de existir?
A quem apresentar as condolências depois?
Quando a gôndola do tempo se afundar
num doméstico erro de perspectiva
e numa boca sensivelmente aleatória e ortopédica,
já nenhuma originalidade na confissão vencer
senão a dos frescos dos tectos da síndrome

com as suas luzes estrábicas de submundo
fieis ao paradoxo de Proserpina
subsumidas tauromaquias
na pele