Há uma árvore inclinada junto ao parque
em frente à Câmara. Pedra lavada
embranquecida no edifício um da Avenida.
Ressaltam relevos escurecidos de outra
época, não tão lisa, mais vária.
Só uma árvore como atleta de corrida
ângulo agudo direcção ao Sul;
promessa de partida.
Na imagem de sonho subo o tronco
acerco os ramos as crinas de folhas
e parto com ela
direcção ao cais caindo ao rio
flutuando na textura de brilho
de olhar imerso nela a árvore
na raiz da alma dela
acenando as margens pequenas
nos braços grandes do mar.
Há uma árvore inclinada junto ao parque
em frente a Câmara e só agora reparo
um ninho de plumas entrançadas
da mesma cor das pedras claras
sem ovo nem aves
e penso:
quando vierem
quando nascerem
voo com elas.