sexta-feira, 9 de abril de 2010
Aquilo que vestem os que estão nus
Posso ser negligente com a minha nudez
atribuir-lhe a noite de todas as culpas:
ela continuará nua dramaticamente nua e imune
insensível aos impostos dos meus passos
minúsculos para a deter.
A minha nudez é um pleonasmo infiel a si mesmo
e navega à velocidade de um corpo por segundo
isto se o espelho tiver uma óptima resolução
e a cópia libertar o original das inconveniências
de ter nascido primeiro e mais pobrezinho.
Um murmúrio inalterável de areia quase convicta
eis a minha nudez.
Praia impressionável à palpação.
Lei ao abrigo do desabrigo.
Mas ninguém imagina o quanto eu desrespeito
a minha mortalidade quando estou nu
sem os utensílios e os sentidos encobertos
pela famosa roupa de marca do tempo.
Chego até a acreditar no uivo e no perjúrio.
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