Uma árvore está quieta, murcha, desprezada. Mas se o poeta a levanta pelos cabelos e lhe sopra os dedos, ela volta a empertigar-se, renovada. E tu, que não sabias o segredo, perdes a vaidade. Fora de ti há o mundo e nele há tudo que em ti não cabe.
Homem, até o barro tem poesia! Olha as coisas com humildade.
O vento buliçoso de bom dia maré viva de bandeira rubra sinal de perigo condição objectiva de largar areias as águas frias e subir acima à pequena catarata roda larga de madeira velha azenha.
Subsistia límpida a transparência um cardume roçando a pele de tamanho pequeno.
O ruído constante de pedras lavadas as águas correntes de um rio.
Bandos de natureza amiga como brisas no vento de borboletas nos bichos barcos de quatro patas às dezenas subindo junto às margens.
O sabor doce de figos brancos após o banho o encontro dos trevos entre pinheiros e odores frescos de eucaliptos abrindo narinas os sentidos nas sombras verdes o deitar pleno nas toalhas dos arbustos nos braços dos acordes mi menor e sol maior de uma pergunta de estrofes antigas:
"Are you going to Scarborough fair Parsley, sage, rosemary and thyme...".
A melodia sussurrou o silêncio das seivas a leveza do ar por mais de uma hora; a guitarra de olhos fechados pousada e as árvores como cordas tangiam os corpos como pautas entre os dedos e os lábios roxos -