doi
quando só encontro a concha
o aglomerado de ossos
a trama de músculos
o lençol de pele
a forma física
e objectiva
e tocável
e visível
de seres tu
doi
quando só encontro o vazio
frio e húmido
de casa desventrada
onde esfolo os nós e a alma
de tanto bater
onde enrouqueço a voz
e a perco de tanto chamar
doi
uma dor fina e funda
de consciência quase desmaia
doi
e não mais deixa
sábado, 22 de janeiro de 2011
Fim de tarde
fim de tarde
e de passeio
o dia já vai longo
rocha urbana
procura o céu de cimento
em sobrepostas camadas
paredes nuas, duras
de emoções e formas cruas
transforma-se
em laivos de brilho quente
reflexos de ouro
poiso do olhar de longínquo astro
vejo, não reconheço
o invertido espelho
brinca
em jogos de luz e sombra
formas redondas e esguias
buracos negros
para além da matéria
abrem-se portas
de silêncio
um novo mundo
salto no desconhecido
Clara Oliveira
e de passeio
o dia já vai longo
rocha urbana
procura o céu de cimento
em sobrepostas camadas
paredes nuas, duras
de emoções e formas cruas
transforma-se
em laivos de brilho quente
reflexos de ouro
poiso do olhar de longínquo astro
vejo, não reconheço
o invertido espelho
brinca
em jogos de luz e sombra
formas redondas e esguias
buracos negros
para além da matéria
abrem-se portas
de silêncio
um novo mundo
salto no desconhecido
Clara Oliveira
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