segunda-feira, 29 de novembro de 2010
A poupée valsante de Poldini
Miró
a realidade nos primeiros acordes do piano
e a melodia única que junta o violino;
cordas à mostra e cordas escondidas
teclas brancas e são menos as negras, e que diferença
que diferença no uníssono do agudo, o sharp afiado do som
a envoltura de mãos, inclinações, o jogo fixo e móvel
as mudanças de tom -
a realidade de um dueto tantas vezes na desordem
porque há a sombra e o vaticínio
de atraiçoar as horas, inverter o tempo, o medo
de um presente não retomar as vagas
diluir o sal, separado no processo complicado;
mar e rio, rio e mar, mar e rio, rio e mar -
uma” Poupée valsante de Poldini “no deslizar do arco
o violino, o piano, o acentuar das teclas -
amanhece a realidade na chávena branca de porcelana
por dentro, um fumo que evola, um sonho, actores em cena
uma visita, acordada em múltiplas imagens
a todas as curvas, tão redondas e suaves
a mente, o corpo e as palavras -
o dueto na rádio termina e despem-se as notícias, mas
no fixo vapor de uma janela estende-se a melodia
os sustenidos, os diminutos, os aumentativos
a gota descai, definindo a claridade de duas margens
ao mesmo tempo, sem se tocarem e sem ausência
na permanência de uma nuvem e um vidro transparente
enquanto lá fora o frio -
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