só uma onda aos ritmos
podia ser água
e a certeza com que se espalha,
o resto
(palavras em poços
que reflectem
circunferências na superfície)
tende a magoar
quando rodas sobre ti
a velocidade não serve de nada
o vento é só teu
os extremos a tua curvatura
e o sopro do poço vem devagar
deixar duas dimensões à solta de não saber
não deslizar pelas lâminas circulares
entre uma e outra ir saltando
sem violino
ao ritmo de ecos
se o cérebro é maior que o mundo
que o segundo não caiba no primeiro
não se cria energia quando tremo
pela rotação de uma palavra
rir contigo
nos teus modos de ondulação
montar um touro azul e entrar pelo poço ao vento
que não se afaste assim a matéria com medo do escuro
(às vezes despeço-me dos bichos
com um dedo que não é mão)
quero dar um beijo a um átomo
sei que se amam quando se rodeiam
deitar-me com um planeta
contra todos os contractos
que me trouxeram a esta escala sem lugar
também tenho medo do escuro
por mim seguia na água
até ao lugar comum
esse espaço inocente
que se abre entre as sobrancelhas dos bichos
onde se come a energia exacta para comer
a boca não sabe a época
mas ouvimos o fundo dos poços
há uma exacta inclinação das variáveis
para lhes espreitar
e ela ri-se com
a rotação de todos os polegares
na inclinação exacta de nos amar