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sábado, 22 de maio de 2010
Acorde ou sinfonia
Quero um acorde de serenidade.
A vida é um ruído em sobressalto,
E chaga dolorosa o dia-a-dia,
E a alma do meu corpo radiosa
É quaresmal em pleno carnaval.
Sei bem que um acorde será pouco,
Mas mais é impossível por agora;
Senão pedia-te uma sinfonia – talvez
A Pastoral ou a Nona de Beethoven
– Um hino ao choro e à alegria de viver.
2010.05.19
José Almeida da Silva
Efémera eternidade
Soa a música vinda do universo
E entra na alma serenando-a
Ou agitando-a. O pensamento
Entra assim na cadência do verso
Ou do anverso do ser. Transfigura –
O bater do coração acelerado ou calmo
É sinal de lá maior ou menor em fusa
Ou semifusa, em sorriso ou lágrima,
O sossego de toda a agitação –
Lembro de Beethoven a sua Pastoral,
Lembro-a aquietando a dor da morte,
Lembro-a exultando a alma em festa,
Sinfonia bifronte – o choro e a alegria.
A música é o divino no humano, essa força
Que reforça os laços com a efémera eternidade.
2010.05.19
José Almeida da Silva
quinta-feira, 20 de maio de 2010
música
linhares da beira - serra da estrela
.© raquel patriarca
que me inunda a
memória
de gestos serenos
e dias de sol
uma melopeia de coisas simples
o encanto de uma
história
contada de cor
‘era uma vez
há muitos muitos anos
numa terra distante...’
o murmúrio de uma oração
e o toque das contas
do terço
o abrir -
- vagaroso
de uma manga
à procura de um lenço
o som da água
a correr no ribeiro
empurrado pelo vento
e o bailar da roupa
que se mergulha e esfrega
ao ritmo
sincopado
de uma cantiga sem tempo
o burburinho
dos dias de feira
o tamborilar das compras
na cesta
o toque dos sinos tão perto
o encadeado dos cumprimentos
‘como está?
vamos indo obrigada
até amanhã
se deus quiser’
o flautear de uma
gargalhada
no fim da brincadeira
o compasso do
caminhar
em direcção a casa
o estalar do
pão de trigo
à hora da merenda
o suspiro cansado e
fundo
ao pousar
as mãos nodosas
no colo
alisando
resignadamente
as rugas da pele
as pontas do avental
o sussurro doce de uma
canção
de embalar
o soluço de
um afago e de um
beijo
antes de deitar
…
há um silêncio surdo
que me ensopa a
alma
de ecos vazios
e ausências doridas
‘era uma vez
há muitos muitos anos
numa terra distante...’
aos avós
raquel patriarca
dezanove.maio.doismiledez
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