quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Bom Natal a todos os que por aqui escreveram.

Passava numa livraria, e espreitei a "lista" de poetas que tinha a Antologia, Poemas Portugueses... Fiquei contente por encontrar na "lista", Ana Luísa, fiquei muito contente, gosto dos teus poemas!

E deixo um escrito por estar sempre a lembrar-me que está longe Alguém, enquanto não nos encontramos.

Que dentro de mim varrendo
tão levezinho
deve ser o movimento
rimos sem risos
nem ocorria pensar

do outro lado o mesmo
imediato crer, querer a meu lado, e sei
sabe, a quem perguntar perguntamos
que diferença entre nada e tudo

não esqueço nada é que no tempo, troca
maldição que é bênção
por causa de um pormenor nós que não amarram
melhor, eu e ele, nós!

Boas festas


Magritte "A grande mesa" 1962

Caras amigas/amigos


Deixem que fale um pouco . Que abra um pouco mais a alma para explicar como é bom haver Natal e recomeçar um Novo Ano.

Quando chega esta época não resisto a recuar a uma soleira de porta onde desde míudo era enviado após o desespero de mãe no lugar das fábulas de doces (os alguidares de masssas a levedar, o contínuo rodar de colher de pau no leite creme, os fios finos da aletria, o arroz mais saboroso, as rodelas de pão seco na seiva branca antes das rabanadas). Colocavam-me nas mãos uns pratinhos de porcelana branca e risca dourada e uma larga taça de amêndoas, avelãs e nozes ( o exercício mais difícil e sempre festejado era o retirar inteiro deste pequeno cérebro fruto da nogueira). Na soleira de granito inicava a tarefa que encurtava as horas e alindava de frutos secos a mesa A mesa na toalha de festa, bordada, enfeitada de pinhas, árvores verdes, motivos de harmonia nas voltas de ponto cruz, aguardando a chegada fumegante de batatas cozidas, legumes em vapores de nervuras, os aromas de lascas apetitosas do Mar do Norte, ditoso peixe da Noruega. O regozijo bom no desviar do tempo, no apertar do sono que evitava a visão daquele senhor de barbas brancas que descia pela chaminé e no nosso caso era obrigado a aterrar directamente no disco ainda morno do fogão. A memória de pequenas prendinhas de chocolate poupadas e saboreadas ao longo de um dia grande de festa.

Portanto, esta que é uma boa memória, acrescentada de tantas outras que junto nos agora já muitos Natais, termina para desejar a todos vós uma chuva de amizade ao recordar todos aqueles que fazem parte, que são. Com todos partilho os bons afectos neste mimo de nos sabermos reencontrar, de permanecer.

Para todos o melhor, o melhor dos anos, a melhor das festas.

Desculpem se me alongo. Mas desejo ainda que em todos viva, (sobre)viva e re(sobre)viva, dentro , a parte mais fluida, essa alma que ninguém pesa nem agarra , a essência, o surreal, o sonho, o sopro de magia branca de um espírito, neste Natal.


Abraços e bjos.

José Ferreira

A mesa e a tempestade




De uma trave no tecto caíram gotas.
Lá fora a tempestade; clarões, relâmpagos.
As quadrículas iluminadas no 1º andar.
A tertúlia dos poetas sem receios de Satã, de noites negras.
Animados de regressos e serenos. Sem desassossegos
no conforto dos afectos, palavras pequenas.
Na cor dos versos como simples borboletas.