quarta-feira, 28 de outubro de 2009

eis

eis
os novos guerreiros
a proteger os vivos
da fragilidade humana

eis
os novos organismos
a viver para além
do entender humano

é alvo sobreviver
é prémio sobreviver

eis
os novos cientistas
de uma luta incurável
de uma vida anunciada

vestem a pele de Deus
em busca de um código
em busca da imortalidade

Clara Oliveira

amo-te

amo-te
o dia nasce
com ele...tu

luz de mulher
em pele de leite

sonho de mulher
sempre presente

mãe de mulher
minha semente

submissa mulher
sou rei sempre

nasce o dia
tu...com ele


desejo-te
a noite cai
com ela...tu

cristal de fêmea
em pêlo queimar

potro de fêmea
teu lombo montar

cio de fêmea
minha fome matar

orgulhosa fêmea
altivo olhar

cai a noite
tu...com ela



pudera
numa só
as duas



Clara Oliveira

Se fosse um intervalo



É já hoje, quarta-feira, pelas 18,30.
Na Biblioteca Almeida Garrett (Palácio de Cristal – Porto) será lançado o livro “Se fosse um intervalo” da Ana Luísa.
Todos os que puderem estar presentes serão bem-vindos.

CONSTELAÇÕES

Usamos todos a ilusão
de fabricar a vida:
histórias, constelações
de sons e gestos

Usamos todos a suprema glória
do amor: por generosidade
ou fantasia, ou nada, que de nada se fazem
universos

Usamos todos mil chapéus de bicos
mal recortados e de encontro
ao sol:
o nosso mais perfeito em franja e bico
e um arremedo tal e seiscentista
que ofuscando-se: o sol

Usamos todos esta condição
de pó de vento, ou de rio
sem pé: único dom de fabricar o tempo
em raiz de palmeira
ou de cipreste

Ana Luísa Amaral "Se fosse um intervalo" 2009