terça-feira, 10 de maio de 2011

Fragmentos VII - O inconhecível


Bill Brandt

Estou envolvido nesta contradição: por um lado, creio conhecer o outro melhor do que ninguém e afirmo-lhe isso triunfalmente (“Conheço-te bem. Só eu te conheço bem!”); e, por outro lado, sou muitas vezes assaltado por esta evidência: o outro é impenetrável, irreconhecível,intratável; não posso abri-lo, chegar à sua origem, desfazer o enigma. De onde vem? Quem é? Esgoto-me, nunca o saberei.
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"Não consigo conhecer-te", quer dizer:"Nunca saberei o que verdadeiramente pensas de mim". Não posso decifrar-te, pois não sei como tu me decifras.



Roland Barthes "Fragmentos de um discurso amoroso" ed. 70