terça-feira, 14 de julho de 2009

Allegro nº1

Olha! Inventaram as estrelas
E criaram os pântanos,
E girafas, touros e zebras!
Há laranjas redondas para serem comidas!
Há cegonhas e baleias,
Pinguins e elefantes!
Há também elefantes de duas patas e sem tromba
Com dois braços e com pêlos no cimo da cabeça
Que falam como papagaios.
Obrigado Deus maluco!
Pela eterna loucura que nos deixaste.

No entanto a voz segue segura no meio dos braços





Soube que estavas sozinha na noite treze
sentada numa mesa de estrelas extremas;
pêndulos de luz na visível hipnose.

Não havia qualquer lírica que atingisse o teu céu.
Pareceu-me imprudente esse estar estranho e ausente.

Uma melodia evolava debaixo dessa mesa na figura
de um querubim pequeno de sandálias e asas brancas.

Hesitei nas palavras que achava únicas e leves.
Gravítico de nada não sabia porque seguiam autónomas.
Duas mãos - as minhas - esmagaram o cabelo castanho
o mal feito queixo.

Por momentos só a luz, a música, o ar de quem não deu
por nada... se nada ouvias de olhos fixos e rectos.

A força de mil homens soltou a mão esquerda
os cabelos de alfinete a outra impotente e pálida.

O recomeço da lírica em cima de uma mesa de estrelas
e o rasgo de um cometa ardente, insistente
de voo célere que despede os ombros...longe;
artifício de alcance que não atinge... não demove...
não alcança...

No entanto a voz segue segura no meio dos braços-