2008.12.17 | Guernica




Vela



Cinde a cena
acende a cinza
ciente da cena, acena.


Marlene  e Joana Espain
17.12.2008


O Cavalo




Cavalo dentes e patas
no trovão de estilhaços
Varrendo o chão
de corpos mutilados
Caudas partidas
nos incómodos
humanos actos.
Tourada inexacta
sem cavaleiro -
o touro na mesma guerra
cascos sangue nada.

José Ferreira e Elza Durão
17 de Dezembro de 2008

O Touro



É força do poder e morde como um lacrau
Olha o homem olho nos olhos
Vendo-o sempre como escolhos à sua santa vontade.

E sabe como fazer da liberdade prisão e do amor brutalidade
E não se deixa seduzir pelo olhar de uma criança
Antes prefere uma trança – o seu cavalo-marinho –
Tanta força e tanto medo, tanto sangue e tanta morte,
E tanto crime branqueado

Não tem dúvida metódica – é pontual o seu terror –
tem uma roda dentada no lugar do coração.

Tem um capote vermelho com que lida a vida humana
e tem um cavalo alado com bandarilhas de morte

Corre o sangue na arena do crime organizado – morrem homens
revoltados de tanta submissão

Deixam-nos viva a memória


António Roma e José Almeida da Silva
17.Dezembro.2008

Embalo


I 
 Dorme meu tesouro dorme
Anjo leve do meu ser
Dorme que eu morro em vida
Canto o teu adormecer

II 
 Dorme meu tesouro dorme
O meu grito é o meu viver
Canto a chorar a noite
Canto e embalo
E não vivo

III
Dorme meu tesouro dorme
No silêncio que é só teu
O céu não cai
A terra não treme
Eu canto e embalo
E não grito


Liliana Castro e Raquel Patriarca
17.XII.2008

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