sexta-feira, 16 de março de 2012

alma




é muito tarde e dói-me a alma
o dia trouxe-me uma coroa que não queria, de espinhos –
mas esta alma é forte como os ventos, dura como os diamantes
esta alma não se rende, não se rende nunca
esta alma que é minha, misturada com o sol e com a lua
é como um barco feito de artérias e sangue;
correndo, correndo sempre na linha directa do horizonte
qual funâmbulo
sem medo da queda nem de afogamento
lá longe
onde se junta mar e firmamento –

esta alma não é pura não é branca nem é suja
é uma alma que acredita
e por mais que doa a alma, há sempre caminho
os pés cansados, os dedos moídos e a corrida
e por mais que doa a alma, revela que existe
que é humana e que há vida –


josé ferreira 15 de Março 2012