Giorgio di Chirico, ca. 1930
As franjas de
superfícies chegam à praia, ondas e som.
A reverberação do sal e do plâncton na ligação seguinte,
chegam e partem.
As íris são duas ilhas unidas pela montanha do nariz
e um horizonte que se estende até ao infinito.
O infinito tem a distância do sol –
As íris, as duas, as minhas, estão sós como uma fotografia
e paradas como uma biblioteca, com os pés descalços
e os dedos muito encolhidos, como se recolhessem a força de
uma alga
ou o beijo de um peixe, quando a onda passa.
O sol intenso de Junho queima como Krípton e há temperatura
a toda a volta
como se o ar fosse todo igual, muito morno, um ar irmão de
muito ar
um oxigénio profundo, como as tuas palavras –
Uma alquimia que transmuda as intensidades, fogo, minérios e
água
até à reinvenção da forma, uma estátua invisível do mundo –
Tenho um cristal, branco, verde, azul a cintar-me a mente
a receber as mãos, as espalmadas de linhas
as veias que se estendem
como rios inflamados
acima das espumas, sem sair o sangue –
Sinto um sangue fechado
um sangue de artérias em cima dos pulsos, pulsando
nas artérias que vêm de todos os lados do corpo, unindo como um
silogismo.
Este sangue não tem nada de dor é um sangue de cor
que invade que afluiu na face, como se existisse uma grande
mesa
e dois copos de vinho mosto, um copo em cada uma das extremidades
doce, muito doce, como um sonho, um sorriso e uma eternidade –