quarta-feira, 28 de outubro de 2009

amo-te

amo-te
o dia nasce
com ele...tu

luz de mulher
em pele de leite

sonho de mulher
sempre presente

mãe de mulher
minha semente

submissa mulher
sou rei sempre

nasce o dia
tu...com ele


desejo-te
a noite cai
com ela...tu

cristal de fêmea
em pêlo queimar

potro de fêmea
teu lombo montar

cio de fêmea
minha fome matar

orgulhosa fêmea
altivo olhar

cai a noite
tu...com ela



pudera
numa só
as duas



Clara Oliveira

2 comentários:

josé ferreira disse...

Clara gostei muito deste teu poema. a atmosfera erótica subsiste nos dois quadros, primeiro a Vénus de dia e depois a Olympia na noite. a envolvência é muito bem conseguida e lê-se nas entrelinhas do
"submissa" e "orgulhosa fêmea/altivo olhar" pontuado de forma elegante e sugestiva no inicio e fim dos dois planos "com ele...tu" "tu...com ele" (vénus) "com ela...tu" "tu...com ela"(olympia) em que fica tammbém extremamente presente a força feminina de cada uma.
Perfeito na dedução final, o ponto de vista do desejo masculino "pudera/ numa só / as duas".
Parabéns.

Ana Luísa Amaral disse...

Achei a ideia muito interessante. Há versos que, a meu ver, a Clara deveria trabalhar um pouco mais, torná-los mais concentrados e menos "marcados", do ponto de vista epocal (refiro-me a versos como "cio de fêmea / minha fome matar"). O final do poema é interessante, porque "pudera" pode ser lido quer como foama verbal, quer como interjeição (pudera!), o que oferece uma possibilidade de leitura muito curiosa: "pudera! numa só as duas".