sábado, 21 de janeiro de 2012

Poema inútil com montanha


Vejo a montanha à minha frente pousada
Sobre a água sempre verde, e penso na inutilidade
De tudo o que ela é, e na inutilidade de estar pensando nisto,
Quando um pensamento inútil me sugere
Que a montanha pode ser
Um pormenor pensado por ela
Na paisagem do meu próprio pensamento, para
Com isto me levar a pensar sobre pensamentos,
E não sobre montanhas, ficando ela, como antes,
Pousada na água sempre verde, sem ser
Pensada por ninguém.

Rui Costa 
em A Nuvem Prateada das Pessoas Graves (2005)



1 comentário:

josé ferreira disse...

Joana,

é um belo poema de um poeta que partiu, mas que permanece nas palavras que não partem, e fica.