quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Não passa nada

Saí noite fora de olhos no chão.
Ridículo tropecei no tapete,
no degrau, no fecho da porta
automático- ruído de grilo
aos pedaços no hall vazio!

As caixas dos correios etiquetas
"não obrigado" publicitário
o riso do silêncio atrás das orelhas!
Quiz sair para a noite escura.
Na bofetada poros à pressa
na defesa espantada das navalhas
gélida aragem!

"Não falas! Não falas!"
Nos balões dos meus desenhos:
"Não quero! Não quero as minhas palavras!"
De novo:" Não falas! Nâo falas!"
Mais alto:"Não falas! Não falas!"
Eu mais baixo, coberto de almofadas:
"Não quero! Não posso! Já basta!
Não passa nada!"

Saí porta fora olhos compridos
o chão da entrada o hall vazio!

Gostei do frio.Ajustou os invernos
corpo de cruzeta no varão da escada,
descendo o passeio de bengala
fato e gravata e os pés ao alto
foragido na noite errada!

O céu lá fora! Estrelas nada!

Pingos de vidro nos telhados
um grande iglo gelado
as vidas miudinhas e Gulliver
Poppins a voar de nuvem
e as vidas miudinhas
as cabeças pequeninas!

"Não falas! Não dizes nada!"
Fundo bem fundo no obscuro
circuito do meu mundo:
"Não posso! Não quero! Não passa nada!"
Mais alto:"Não falas! Não falas!"
Fervendo gelos na calçada
"Não posso! Não quero!
Logo volta a madrugada!"

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