quarta-feira, 31 de março de 2010

A bela adoecida




Uma mulher ama
as obrigações sujas
da sua igreja e adoece
por tempo indeterminado
numa instituição incompreensível
mas a sua doença, pelo contrário,
melhora a olhos vistos
na perspectiva do príncipe que a vê
da tremenda intolerância da Terra.

Uma mulher adoece onde o branco actua
de tal forma aflito e por toda a parte exigente
uma mulher adoece com um véu mal regulado
pelo veredicto da água surda que corre
da sua castidade extraterrestre
quase como cabelos
aperfeiçoados por enigmas
e pequenas famílias de serpentes
muito pouco verdadeiras

Uma mulher adoece até atingir
um estado suficientemente
adoecido. Depois uma mulher pára
de adoecer de repente:
quer subir na carreira de doente
e maltrata o meu perfil
com motivos pouco nítidos.

De príncipe e de louco
todos nós temos um pouco.
Mas eu não tinha tanto veneno
no beijo para te despertar
do teu desperdício
como te despertei
no dia em que eu próprio adoeci.

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