quarta-feira, 28 de outubro de 2009

eis

eis
os novos guerreiros
a proteger os vivos
da fragilidade humana

eis
os novos organismos
a viver para além
do entender humano

é alvo sobreviver
é prémio sobreviver

eis
os novos cientistas
de uma luta incurável
de uma vida anunciada

vestem a pele de Deus
em busca de um código
em busca da imortalidade

Clara Oliveira

3 comentários:

josé ferreira disse...

Clara gostei muito deste teu poema. é uma verdadeira epopeia à ciência onde o "eis" marca a cadência ( parece que estou a ver os guerreiros em cima de cavalos com estandartes a música dos tambores a rufar). a mensagem
surge fluida "novos guerreiros""novos organismos""novos cientistas" e termina na aproximação ao divino com
"vestem a pele de Deus/em busca de um código/ em busca da imortalidade".
Parabéns

Ana Luísa Amaral disse...

Gosto muito da cadência que imprimiu ao poema e do distanciamento irónico que conseguiu.

Catarina Campos disse...

Ao ler o teu poema fiquei com imensas imagens e ao mesmo tempo deixou-me com uma sensação de aflição e de esperança...estranho talvez sentir as duas coisas, mas gostei mesmo da forma como está escrito!

Um pormenor que achei mesmo muito interessante: "é alvo sobreviver. é prémio sobreviver" ... a dualidade entre o acto consciente e o acto inconsciente de que a vida - a que chamas de "sobrevivência" - não depende de nós.


:)

um beijinho, Tia Grande.

Titina