domingo, 4 de janeiro de 2009

um outro olhar...(10)










“quero acreditar…”



ao contrário do que dizem, eu continuo aqui nesta cruz e daqui nunca saí

todos fugiram,

todos me abandonaram,

todos decidiram ir atrás do meu exemplo

mas deixaram-me aqui sozinho,

tristemente sozinho


dois mil anos passaram, tão pouco para tanta mudança, tanta evolução e descoberta

agora, pergunto eu daqui do meu canto –

o que é que não terá mudado nestes dois mil anos que passaram tão depressa?

mudaram os homens, certamente; mudou o clima, concerteza

mudaram os povos, os países e as línguas; mudou tanta coisa

mas terá mudado o essencial?


com tantos saberes acumulados, com tantas experiências vividas

com tantas inteligências evoluídas

terão acabado as guerras, os ódios e as invejas?

usarão os homens melhor o tempo?

haverá mais felicidade e bem-estar no mundo?

aqui deste meu canto, onde fui deixado por todos, quero acreditar que sim


quero acreditar que não me deixaram aqui sozinho em vão

quero acreditar que a minha vida, e de tantos como eu, valeu a pena

quero acreditar em todos os que continuam a seguir a minha imagem e o meu exemplo

quero acreditar que o mundo não vai voltar a ser um espaço como este em que me encontro

árido, duro, solitário

quero acreditar


2 comentários:

Nuno CA disse...

Em tempos escrevi que às vezes “desligo o botão, hiberno e me meto numa campânula de vidro”… foi assim, mais uma vez… e agora não adiantam as desculpas (e a pena) por não ter dito nada durante um mês e por não ter participado naquela sessão e naquele jantar tão especial… esta minha “alma de aprendiz de poeta (?)” é assim, incerta…
Agora, depois desta quadra, tão cheia de rotinas e de sentimentos tão diferentes, lembrei-me deste “quero acreditar”…
Um abraço amigo a todos… tenham um 2009 cheio de coisas boas

PQ disse...

Não basta acreditar, é preciso fazer...e já agora, de preferência, sem cruzadas ou inquisições.