terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Retrato em luzes.


Quereria pintar-te só, pequena Margarida,
Mas tão pequena, tão bem vestida
não serias tu gravura de criança.
O meu pincel reclama, bela infanta
que te rodeiam luzes e expressões
Que as cores se vão em longas ilusões
E o branco recai puro sobre ti.
Em verdade a luz me engana aqui tão perto.
São muitos os esboços que te cercam
Como então pintar-vos para que não vos percam?
Pintei-vos então branca, como sois,
Como vos sinto hoje e vos hão de encarar depois.
Pois se a pureza se confunde em quadro aberto
Cercar-te em canto escuro e companhia
E pelas cores traçar-te bela e tão pequena
que o branco só te torne mais serena
E de ti se desvanessa a demasia.


Maria Inês Beires

22/12/2008

1 comentário:

josé ferreira disse...

Não há palavras certas para descrever a beleza da imagem na tua poesia. apenas distingo do outro lado a pintora Inês de bata branca: recolhendo a claridade, a luz que se destaca na fronte, no vestido da menina Margarida.
Cito algumas:
"Queria pintar-te só"
"bela infanta"
"a pureza se confunde em traço aberto"
"traçar-te bela"
e o final
"que o branco só te torne mais serena
e de ti de desvanessa a demasia"
o tudo e todos à volta onde a pincesa menina é o centro do Universo de Velazquez.
Deslumbraste de novo!Uma poesia de artista!
Muitos parabéns!
Natal Feliz!