terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cavaleiro de moinhos

Ouvi-te os passos em palavras de regressos.
Pontuava-te,
Na esperança de que em versos
A tua cosmogonia não me falhasse.
Conhecia-te a poeira do cansaço,
as batalhas perdidas e os moinhos que enfrentaste.
Soubesses tu, cavaleiro,
Traçar-nos em linhas mais certas
Deixar-me em portas abertas
Com a certeza do regresso.
Confesso
não te amar talvez inteiro
Apenas parte das viagens e as palavras de cativeiro.
Mas sei-te nas cores da audácia
e em traços de ousadia
as sombras soltas de glórias
e as horas de maresia.
E agora nobre soldado
Repousa nas madrugadas
e em espadas
e horas distantes.
Nas armaduras antigas liberta os moinhos gigantes.
E nas batalhas de areia
refaz o mundo em avesso
Que eu espero-te, Dulcineia,
Nos versos do teu regresso.


Maria Inês Beires

(queria ter dado um a toda a gente não por achar que é um bom poema mas por ser o mais recente e para se lembrarem de mim. de qualquer maneira, depois de ter desistido de passar um a um a limpo, resta-me deixar-vos aqui no blog e desejar-vos um bom natal e uma vida repleta de cavaleiros e Dulcineias.)

feliz natal!

1 comentário:

josé ferreira disse...

Compreendo agora melhor a loucura do Cervantes e de um tal D. Quixote de barbicha branca e lanças penduradas em velas de moinhos neste quadro tão perfeito de um imaginário de cavaleiros e Dulcineias de versos. Fez-me lembrar Camões no soneto que começa "Sete anos de pastor Jacob servia..."
Bonito poema.
Parabéns mais uma vez e deslumbra sempre!