quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Trabalho em grupo

Deram-nos o fim, procurámos a história de verso,
de reverso e ao inverso.
Afinal eram dois e não só um e o resultado
foi assim:


I

O diário de bordo

Não havia qualquer razão para viajar.
A cidade asfixia.
No meio do mar não há fumos
apenas a clarabóia do céu límpido
e as memórias
da semana antecedente.

Ficaste do outro lado das ondas
nos limites da praia.
Fecho os olhos vejo o cais
na despedida lenta,
o rosto de pomba,
o vestido a regressar.

De volta ao convés, reabro
o diário de bordo. E o barco
continua parado
no oceano sem porto.



II


Olhar nas janelas


Vida chata esta!
Estação negra das baratas;
bicho feio!

Milhares de gente
carregando farneis,
nos sacos, nas cestas,
nos gritos desalmados
das almas pequenas
de poucas razões.

Não quero os lugares,
as vozes múltiplas.
Antes o vazio do assento.
Ser, de olhar nas janelas,
saltimbanco de olhos vendados,
sem vara e sem cautelas,
o comboio e nós dentro.


António e José

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