terça-feira, 14 de outubro de 2008

«A poesia começa quando um idiota diz a propósito do mar, parece azeite.»
Cesare Pavese
«O mar, no seu lugar pôr um relâmpago.»
Luís Miguel Nava


1.
Corri para a beira-mar
Para te ver,
A noite era só luz cruzando o ar.

Há relâmpagos que valem um amor
de flor e sal
E o mar que fica a arder dentro de nós.

O mar assim é o lugar onde habita
O infinito todo
Para te amar.

2.
Subi extasiado ao pico de uma onda,
Toquei com a minha mão a luz fervente
E senti a alma pura de repente.

Como o mar que eu alcanço e em que danço
Assim o relâmpago, o azeite, a verdade, meu amor –
Aceso corpo da tempestade e da bonança.

E não sei se sou capaz da felicidade que este mar
De amor assim me anuncia, passada a preclara tempestade,
Mas seria feliz, eu creio. Por um dia ou pela eternidade.
2008.10.12
José Almeida da Silva

3 comentários:

Ana Luísa Amaral disse...

Muito interessante que tenha feito a sua reflexão a partir da escrita de um poema. Versos bem conseguidos, como "Toquei com a minha mão a luz fervente". Sugestão: eu cortaria o "para te amar" na estrofe
O mar assim é o lugar onde habita
O infinito todo
Para te amar.

Anabela Couto Brasinha disse...

Gostei do poema, doce reflexão!

A desalinhada disse...

Este poema feito de luz, de mar e de amor é belíssimo, Zé!
Ser amada/o, assim, inteiramente, apaixonadamente, com esta entrega e esta força arrasadora, seria uma dádiva maravilhosa, do destino, nem que fosse só por um dia!


Maria Celeste