sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

sem que soubesses




Falei de ti com as palavras mais limpas
Viajei, sem que soubesses, no teu interior.
Fiz-me degrau para pisares, mesa para comeres,
tropeçavas em mim e eu era uma sombra
ali posta para não reparares em mim.

Andei pelas praças anunciando o teu nome,
chamei-te barco, flor, incêndio, madrugada.
Em tudo o mais usei da parcimónia
a que me forçava aquele ardor exclusivo.

Hoje os versos são para entenderes.
Reparto contigo um óleo inesgotável
que trouxe escondido aceso na minha lâmpada
brilhando, sem que soubesses, por tudo o que fazias.




Fernando Assis Pacheco in Musa Regular

1 comentário:

Mel de Carvalho disse...

o outro por dentro do verso. e o silêncio dos lábios...

bem-haja
abraço fraterno e sempre grato pelos autores e pelos poemas que nos indica - ao caso um poema que conhecia, mas que me agradou de sobremaneira ler.

Mel