terça-feira, 6 de dezembro de 2011

as planícies indizíveis


Lilla Cabot Perry

há músicas que nos invadem os ouvidos
e descem pelas cordas da alma
como as ondas do mar,
em milhares de gotas, brancas como a lua -
uma miríade, leve, pura, húmida,
um olhar suave e triste de mil versos, dez mil palavras –
nas mãos cansadas coloco as linhas dobradas da mente,
os quadros sem a negritude do ressentimento,
o voar dos pressentimentos, as histórias das cidades
as espumas que procuram asas, na amplitude de voarem
como os pássaros –
escuto, deitado, a longitude do som nas latitudes do corpo,
a intersecção do oblíquo e de um ritmo síncrono,
o reencontro dos sonhos, as sintonias das ilhas -

porque há dias marcados e claridades sem labirintos,
onde teias completas de bordados
tecem o improviso, o unir de dedos, o fechar de braços,
o unir de lábios, por planícies indizíveis -

josé ferreira 6 dezembro 2011

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