quinta-feira, 21 de julho de 2011

De um lado, o amor intuitivo da carícia


Fotografia de David Dawson no estúdio de Lucian Freud (neto do inventor da psicanálise falecido ontem, 21 de Julho de 2011)

De um lado, o amor intuitivo
da carícia. Do outro,
toda esta vida cheia, esta força que transborda.
De um lado, a madrugada,
que desperta no teu ventre.
Do outro a noite que
através de nós germina
nas plantas, na voz,
na veemência das plantas,
na veemência da voz,
na ternura que contagia o erotismo
com a sua veemência, o seu peso
de gritos e de camélias distintos.

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Caminhei ao longo
de uma praia
de margens irregulares
e de pássaros lisos. Ansiava
que hoje pudesses tocar
nesta rede que palpita,
se abre e se fecha.

Poderás para sempre correr
ao longo desta areia,
debruada, como pedaços de tecido,
insustentável?

Poderás estender-te
a este sol, surpreendida
por esferas de nuvens
e de luz?

Gérard de Cortanze "O Movimento das Coisas" Campo das Letras, 2002

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