terça-feira, 20 de abril de 2010

sombra de nenúfares


Claude Monet




molhava o rosto na chuva da sua rua
conhecia pouco as trovoadas
o granizo da contrariedade- só
por dentro de personagens de capa -


aos poucos soube a razão das marés
ora descendo ora crescidas
e dos passos desenhados
grãos de areia cobertos de algas -

percebeu a imensidão do sal nas águas
o porquê da aurora e do crepúsculo
do acender de chamas luz e fumo –

era minúsculo um ser pequeno.

aprendeu o trabalho minucioso das agulhas
como rendas de espuma breves borbulhas
habitando a casa dos búzios –

quis ser invisível como as brisas.

pôs as luvas de boxe por dentro
percorreu o ringue de canto a canto
como os Lusíadas os descobrimentos
um eco da fala dos deuses na voz de Calíope:
conhece de ti ou serás perdido –

teve medo andou escondido.


acordava de olhos negros e vestia-se de branco
procurava a pele no pelo dos gatos a marca das pulgas
e regava nos jardins a sede calma das plantas -


viu um novo princípio
um grande lago
e a sombra límpida dos nenúfares -

1 comentário:

Elza disse...

Que bom continuar a ver Monet por entre estas páginas!