quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Carta ao Imperador Maximiliano

Arquiduque e imposto imperador ,
aceitaste a coroa a contragosto.

Do poder que te impôs Napoleão
não teve inteira consciência,
e nem mesmo os ricos latifundiários.

Subiu-te o império à cabeça: decidiste
ser todo-poderoso, ser discricionário,
e resolveste ser contrário e cruel:
antagonizar e matar foi o teu programa.

Mas Juárez, atento à desgraça em que caíste,
mandou fuzilar-te assim, algemado,
enfatuado no teu fato
e de sombrero aureolado. E é crível,
sem arrependimento.

Os simples assistiram ao espectáculo
talvez do teu poder horrorizados
e, quem sabe?, contentes de te ver
trespassado da pólvora dos fuzis –
um gigante tornado pigmeu, e nada.

Miramón e Mejia, os generais,
sucumbiram contigo de mão dada,
e nenhum deles era o bom ladrão,
nem Cristo estava por ali à mão.

2 comentários:

josé ferreira disse...

José gostei muito deste poema que para além da forma tão bem conseguida como estão encaixados os versos conta de forma perfeita uma história que aprendemos. em particular destaco "decidiste/ser todo-o-poderoso, ser discricionário/e resolveste ser contrário e cruel","os simples assistiram ao espectáculo" "um gigante tornado pigmeu" "e quem sabe?, contentes de te ver".

Abraço

Ana Luísa Amaral disse...

José, gostei imenso do seu poema. Acho que tem um final excelente: essa estrofe com a rima forçada de tão óbvia(ladrão/mão)funciona muito bem!