terça-feira, 10 de março de 2009

Esmeralda a gata siamesa

Tanto queima o astro dourado
no manípulo da porta azul
sólida madeira exótica.

Por dentro duas janelas pequenas
de vidro fosco atrás do gradeado
uma campainha de alavanca
som de Madalenas.

Aguardo
no meio de buzinas e ar pesado
por onde passam
os brilhos "lipstick" da modernidade
cor de maracujá
face pó de arroz a pinta preta
cabelos em golpes rubi
verde junco estranho;
do lado de cá
os clichés vários da cidade.

Quando se entra há surpresa
nos tectos altos do passado;
jarros na jarra de um metro
solitário vidro majestático
o lustre de cristal.

Cera acesa em três velas
cor de rosa
no móvel polido vinhático.

De súbito o rangido a desfilada
na ampla estrada da claraboia
projetada de vidros multicolores.

Na ganga coçada na blusa branca
és a nota dissonante - a pérola.

Ouço passos lentos apoios de bengala
vejo um rosto de rugas em cima
debruçado sobre a escada.

Coras um pouco olhas para trás
mesmmo assim soltas os lábios
nos meus olhos de estorninho
no meu ar tão asssustado.

Dizes que suba
à salinha de costura
onde dorme a Esmeralda:
a gata siamesa e a ninhada
(oito linhas remeladas)
todos bem e de saúde
graças a avó e neta
e à Maria Antonieta - a empregada
no parto às três da manhã
segunda-feira passada.

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