terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A venda e o cigano estão no banco

Eis o resultado do trabalho oficinal de Escrita Criativa II sobre três versos (um octassílabo e dois heróicos quebrados) de um poema de A. M. Pires Cabral, in Que comboio é Este. Edição do Teatro de Vila Real, Dezembro de 2005.

A venda e o cigano estão no banco.
O comboio era uma tenda triste
e um grito de telemóvel insiste.
Ninguém atende, nem o saltimbanco
que resite ao som atrapalhado.

E lá fora espantam-se as árvores
com os palhaços que vieram da cidade.

O circo está assim montado
e o cigano vende um Ipod usado
e a clientela aplaude o saltimbanco
que compra o roubo
com um ar experimentado -
saltimbanco de olhos vendados,
sem vara e sem cautelas,
o comboio e nós dentro
.

Joana Espain e José Almeida da Silva

2 comentários:

Elza disse...

Gostei do ritmo destes versos, das imagens do circo e até dos ipod e telemóveis, poesia de século xxi. Parabéns!

josé ferreira disse...

Também me agradou muito o vosso poema, e contrariamente ao que me ocorreu durante a ùltima sessão acho que não há nada a acrescentar ou modificar ( tinha toda a razão o José Almeida ).
As imagens que saliento são "E lá fora espantam-se as árvores/ com os palhaços que vieram das cidades"
o "Ipod e o "saltimbanco a comprar o roubo com ar experimentado".
Está colorido, com ritmo muitos parabéns.