sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Vapores do éter

Enganei Morfeu quando corri
as persianas
dos labirintos escuros da íris.
Parti à aventura
antecipando a madrugada.

Mosquitos imaginários
em voos rasantes;
na barra da cama,
no fio do candeeiro...
ali tão perto...
asas de suásticas
atiçando fornalhas!

Ombros descobertos,
braços em cruz,
um peito batente,
não sei de quê,
não sei porquê...se
o ruído de vassouras
junta cacos,
espalha pós;
valsa de torcionários!

No premente soltar de águas
do Danúbio
é manhã.
Lâminas duplas mergulham
no mar de espuma branca,
barulhos de cataratas
nos dedos sujos de sabão.

Mussorgsky na antena,
nos vapores do éter...
fugidios...

E eu Pinóquio de calções,
marionete de alças
nos fios dos outros,
preso aos nós de seda
na mentira dos dias!

2 comentários:

Nuno CA disse...

Olá,

José, os seus poemas... e a forma como se expôs, foram um incentivo para mim e fizeram (a par dos poemas de outros colegas de blogue) com que desse o passo de me expôr também. Obrigado por isso...
nuno ca

Elza disse...

Gostei imenso dos versos. Ansiosa, segui a aventura que se atreveu a viver fugindo à calma dos sonos mais tranquilos. Não sei bem que lugar é esse onde foi parar, se apenas o éter, se o lugar escuro e assustador que imagino, nesse país onde nasce o mais belo rio da Europa... Mas ali, ou hoje em dia também, mesmo que mais subtilmente, somos todos, de alguma forma, em algum momento, mesmo não desejando, "marionetas nos fios dos outros, presos aos nós de seda, na mentira dos dias"... Parabéns!