domingo, 2 de novembro de 2008

O pouf vermelho de esferovite

Um mar de velas triangulares
estende o horizonte ao casco longo
da distinta torre de guindastes...
contei-os... vinte são de um tamanho
menino de três primaveras,
um lenço dobrado pelo bico das gaivotas!

Sol de Inverno (escuras são as lentes)
areal grosso de pequenas dunas
deserto beige que escurece nas rochas
abraçadas de pequenas linhas de espuma
quando águas murmuram segredos marinhos
ao som de escorrerem pelas mãos
segredos de sereias num ruído longe de lentilhas!

Um pouf vermelho acondiciona as costas,
deslizar de bolas brancas esferovite
e não é "vite" a vida nas manhãs de Domingo
nos resto da cafeína, no caramelo fundo
doce das areias...
uma calma sem pastilhas invade a alma...
um vidro rachado de alto abaixo na divisória
contorna um busto improvável surrealista
de pescoço alto esticado
na transparência falta a cor
no olhar
recolho traço o rápido esquiço
de cartolina dura... o choque
é...ali está...irrepetível, não pode voltar!

Um triciclo de três rodas, um amparo de mãe,
corta o desenho levanta o olhar
corta a divagação de técnicas...
pastel?óleo?tintas fortes?gouache?...
não...
uma pomba de Picasso em flocos de nuvem
e azuis leves, claros... mansos
dilui as gotas de aguarela... ténue...subtil!

Antes de sair passeei o olhar no portal
perdi-me de amores nos versos suaves,
nas líquidas àguas de um poema a baloiçar
invadido, extasiado, remexido, agradecido,
abracei um volante tripartido
desaguei na Foz
na esplanada do pouf vermelho
entre brisa sol e mar...
não tinha folhas, caderno, papel
recolhi nos guardanapos
as frases soltas
de um poema a falar!

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