terça-feira, 20 de outubro de 2009

Minhas caras e meus caros,

Queria dar-vos as boas vindas, infelizmente não com o meu nome, mas com o nome de gestão do blogue – não encontro a minha password, mas, em contrapartida, encontrei endereço e password de gestão do site -- foi a Teresa Almeida Pinto que mo enviou o ano passado, alguns de vós lembrar-se-ão dela.

Não era minha intenção aparecer na qualidade de gestora, nem sei bem como irá isto ficar, quando carregar na tecla “Publicar mensagem”… Veremos. Amanhã peço a um/a de vós, que saiba um pouco mais destes mistérios internéticos do que eu, se me ajuda a “recuperar a identidade” (as aspas têm a ver com a contingência que sempre preside a estes assuntos).

Gostava de dizer-vos como gostei das duas sessões que tivemos já e deixar-vos aqui, como comentário geral ao TPC (o do poema a partir da notícia de jornal), um poema de Adrienne Rich. Fica então original e tradução. Penso que se adequa aos nossos propósitos. Quero ainda deixar os parabéns a todas e a(os dois) todos.

Um abraço – e, creiam, é um prazer estar convosco.

ana luísa



Power (Adrienne Rich, 1974)

Living in the earth-deposits of our history

Today a backhoe divulged out of a crumbling flank of earth
one bottle amber perfect a hundred-year-old
cure for fever or melancholy a tonic
for living on this earth in the winters of this climate

Today I was reading about Marie Curie:
she must have known she suffered from radiation sickness
her body bombarded for years by the element
she had purified
It seems she denied to the end
the source of the cataracts on her eyes
the cracked and suppurating skin of her finger-ends
till she could no longer hold a test-tube or a pencil

She died a famous woman denying
her wounds
denying
her wounds came from the same source as her power


Poder

Viver nos sedimentos da nossa história

Hoje uma escavadora divulgou num flanco de terra em derrocada
uma garrafa âmbar perfeita com cem anos
cura para a febre ou melancolia um tónico
para viver nesta terra nos Invernos deste clima

Hoje eu estava a ler sobre Marie Curie:
ela deve ter sabido que sofria do mal das radiações
o corpo bombardeado anos a fio pelo elemento
que purificara
Parece que negou até ao fim
a origem das cataratas nos seus olhos
a pele da ponta dos dedos gretada e supurante
até já não conseguir segurar um tubo de ensaio ou um lápis

Morreu mulher famosa negando
as suas feridas
negando
as suas feridas vindas da mesma fonte que o seu poder

2 comentários:

josé ferreira disse...

o prazer de sentir e falar a poesia com a Ana Luísa é "como se fosse um intervalo" na nossa rotina e é muito bom!

gostei deste poema e deste poeta que ainda não tinha lido.
Curie uma vida não igual a outras vidas, preenchida, determinada num objectivo: "negando as próprias feridas" "as suas feridas vindas da mesma fonte que o seu poder".

obrigado por permanecer e pela partilha!

Angeles Sanz disse...

Sou Ängeles Sanz,já em Madrid.Queria cumprimentar a todos e mandar um abraço,
Ángeles