quarta-feira, 1 de julho de 2009

Dia Mundial das Bibliotecas



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a minha casa é feita
de pó e de papel
labirinto de imagem, palavra e sonho

terra de magia e torre de babel

tem o cheiro acastanhado
dos segredos
e o silêncio da alma
assídua e devota
que toca com os olhos
e sente
na ponta dos dedos
cada estante, cada lombada, cada cota

os livros –
direitos ou tombados,
pequeninos e pesadões,
fora de sítio, arrumados,
e empilhados em montões –
chamam o meu nome
(com um chamar bonito)
em prosa ou em verso,
manuscrito ou impresso

depois dão testemunho
de ciência, ficção e memória
que me prende e liberta
num só momento
por uma página, por uma história
pelas palavras que alguém
um dia escreveu no vento

é de pó e de papel
esta casa que é uma ponte

tem um postigo no telhado
de onde vejo o horizonte
e uma janela enorme
que dá para o meu jardim

não é uma casa, nem é minha

no fundo
ela é todo o mundo
e faz parte de mim.
raquel patriarca
um.julho.doismilenove

3 comentários:

josé ferreira disse...

Raquel
fantástico poema e marcador. Quanto à data tão merecida das bibliotecas, desconhecia.

Obrigado por publicares

Joana Espain disse...

Olá! Gostei muito.

'é de pó e de papel
esta casa que é uma ponte'

E que sejam de papel sem pó as nossas pontes e bibiotecas

Elza disse...

Raquel, obrigada pelo teu poema. E Parabéns a todas as "casas de pó e papel, e estantes, e páginas, que são pontes, entre este mundo e os outros" :)