quinta-feira, 16 de abril de 2009

COMIGO ME DESAVIM

Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.

Com dor da gente fugia,
Antes que esta assi crecesse:
Agora já fugiria
De mim , se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?

Sá de Miranda

1 comentário:

josé ferreira disse...

Olá Auxília realmente não me canso de ler este poema de Sá de Miranda que até entendo como premonitório de diálogos interiores quando ainda nem sequer se suspeitava da psicanálise.
Tão "desavindos" somos em tantas ocasiões com a vida! Guerreiros de quotidianos em constante batalha onde num minuto somos o salvador e a seguir o inimigo.
Balanceamos entre nuvens e raios de Sol.
Se comigo tantas vezes me "desavim" tantas outras me encontrei!
Como dizia Pessoa entre o princípio e o fim todos os dias são nossos e vamos vivê-los todos com a certeza de que não há fórmulas universais e temos que procurar desviar-nos das pedras no caminho!

Obrigado!

Bjo