terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quarentena dos afectos tripartidos


PARTE I - à parte

Nas palavras suturadas
Entrego-te a cicatriz de um poema
Ou o que restou do alto do
Salto atirado de um sonho em queda livre
Sem o atrito do bom senso
Infligi unhas e quanto pude
A todas as frases e frases que escrevi
E nem assim rasguei sequer um rasto
Da ferida alimentada de flores sem pétalas
Perfume decapitado de agitado temor adormecido

Como explicar o que me sobra
Se a sombra que sigo é apenas -
O revés de um beijo
O reverso do desejo
O oposto da doçura
A dor pura
Que de palavras impossíveis
Eu a visto
Que nada do que diga se lhe assemelha
Mas,
insisto em inscrever
Na minha pele
A cicatriz desse poema

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PARTE 2 - aparte

Dói
.......Mói
Rói
A dor rói
Amor dói
A dor mói
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PARTE 3 - partes

Glóbulos
Rubros de afectos
Corram mudos
Aos factos
Surdos do amor
Glóbulos brancos
Soldados
Em bandos
Recrutados
Acalmem a dor

Faltas-me e
É isto que aqui vês
Febre e
Branca tez
Em rubor contradição
DaDor eu sei
Que o teu sangue molha
O meu coração
E da dor que me olha
De frente
Sobra a infecção
Dessa ausência
Permanente e
Incurável
De ti

1 comentário:

josé ferreira disse...

Marlene foi bom saber de ti e das tua "griffe" que antevi nas primeiras frases de um poema que tardava, Voltaram os glóbulos, os rubros e os brancos, e os poemas de formas diversas que sempre gosto.

Bjo e obrigado pelas teus comentários aos meus poemas que eu sempre fico preso na melodia dos teus.